Tuesday, December 13, 2005

I don’t remember my dreams. No I don’t. No I don’t care anymore.


Libertação agora, com certeza.


Ás vezes, eu não sei se foram as luzes que ofuscavam tudo a nossa volta ou as garrafas de vodka e cerveja que fizeram as coisas serem tão frágeis e rápidas, mas elas continuam e continuam, sabe? como se ainda estivéssemos naquela sala, nos beijando, como se aqueles momentos não tivessem fim e continuassem por si só e nós nos deixamos lá e nos dirigimos para outra vida.

Monday, December 12, 2005

François Truffaut, 1959


Eu acho que, no geral, a diferença é que cada um de nós busca levar ao cinema uma certa verdade, ao invés de trabalhar baseado numa verdade vinda de fora. A verdade de Mercado negro (Le Chemin des écoliers) é completamente exterior, em constante referência a uma verdade cinematográfica à qual todo mundo está acostumado. Ora, já faz muitos anos que não há mais verdade no cinema francês. Veja o que acontece com os cenários, por exemplo. Todos os nossos filmes têm em comum o fato de serem extremamente realistas. E cada um de uma maneira completamente diferente. E o sucesso deles depende do seu grau de realismo. Para nós, o importante é nossa maneira de ver a vida, é falar sobre o que conhecemos. À verdade estereotipada, marca do cinema francês, nós tentamos opor nossa própria verdade pessoal. Em nossos filmes nunca há uma moça fechando a porta, ofegante, clichê encontrado em todo filme dramático e psicológico. Quando não sabemos fazer uma coisa, fazemos uma elipse, só filmamos o que acreditamos ser interessante e o momento da ação que julgamos poder dominar. Se nossos filmes chocam, não fluem, não procuram simplesmente oferecer um momento agradável, é que tentam ser um conjunto de coisas fortes, importantes, que precisam ser ditas urgentemente. Parece-me que os jovens realizadores estão mais preocupados com o que se passa na tela do que com a técnica. Atribuem uma grande importância aos personagens e assuntos de seus filmes. Têm um respeito maior pelo público e a idéia, um tanto ingênua, de que a sua sinceridade é algo positivo. Mas não há linhas estéticas comuns. O que há são pontos de interseção devidos ao acaso.
“Personally, I'm sick of underachieving."
- Mani

All hands on deck!

Faz sentido que haja uma resposta maior para tudo isso e o irônico que ela é tão pequena. Apenas uma lágrima, sabia? Eu descobri faz um mês ou sei lá quanto tempo atrás, mas isso não importa por que o tempo não existe. Eu consegui entender o significado dessa vida, o menor ato de bondade que dura apenas um segundo em círculos perfeitos e eternos. Eu chorei naquele dia, depois de muito tempo mesmo sem verter uma lágrima. Isso que antes eu tive vários momentos em que estava quase explodindo, eu precisava chorar, tinha visto muitas coisas lindas antes daquele momento. Eu tenho a impressão de que nunca vou poder voltar naquele momento perfeito e experimentar de forma igual o que senti, mas consigo me lembrar e entendê-lo de uma forma que não seria exatamente entender, como disse Clarice Lispector “Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.” Essa experiência que tive pode ser colocada dessa maneira, consigo sentir, me lembrar e até entender ela de várias maneiras, mas são apenas uma tradução do que senti e não realmente o que aconteceu e algo tão infinito como o que pude perceber naquele dia, de jeito nenhum pode ser sumarizado por pensamentos e palavras, mas posso tentar traduzir, essa também é uma das respostas e motivos de nossa existência como pássaros. As conseqüências são seguintes de outras e nunca acabam, tantas coisas para escrever e falar, isso é bom. Preciso voltar a viver, sinto que tenho que quebrar com a estagnação de todas as coisas da minha vida e realmente começar a minha jornada pelas estradas do universo que nos levam a lugar nenhum. Não há Oasis !!! Nem miragens !! Não temos sonhos !!! “ Isso eu não acredito. Multidão, fique em silêncio!! Nunca entendo vocês!! Agora vocês podiam me responder o que estavam dizendo no final do sapato de cetim, por que sabe, eu não sei francês e se vocês dissessem o que a filha do capitão estava dizendo para a amiga dela no alto mar eu também ficaria extremamente feliz. Eu acredito em sonhos, mas não os carrego, nem em minhas mãos”.


Não tenha nada nas mãos
Fernando Pessoa

Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores, mas larga-as,
das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol.
Abdica
e sê rei de ti próprio.

She’s gone to sea
She’s fightin’ for me
What bravery!

A cage is a cage
Is a cage, is a cage!

Sunday, December 11, 2005

O tempo continua silenciosamente assustando o bairro

Acabei de acordar, estou deitado em minha cama, são quatro e vinte da madrugada, estou com tanta sede. Tento me despertar em tudo que há, me perder a dez anos atrás quando você me contava lindas estórias para dormir. Para onde estamos indo, fecho meus olhos e nada muda. O barulho eterno do ventilador que afasta o calor dessa noite úmida. Mexo-me, viro, troco o lado do travesseiro, me levanto. Mais do que nunca estou resignado a morrer...
Preciso voltar do momento enlouquecedor e aprisionante e entrar que nem uma ave que renasce das cinzas em sua casa. Lá vou voar o tempo inteiro buscando por uma janela, bater as asas bruscamente tentando fugir, um pássaro ferido...

Saturday, December 10, 2005

Oh my god, a winter for a year.

Um homem correndo por uma rua escura que é apenas fortemente iluminada em uma ponta por uma poste de iluminação amarela. A luz da lua treme como se fosse uma vela em muitas sombras de árvores negras que descansam nas ruas, nas calçadas e no rosto dele.
Um momento antes dele começar a correr, percebeu um pouco atrasado o que tinha de fazer: "naquele momento senti todas as possibilidades da minha vida e verdadeiramente comecei a trabalhar".
Já que ele nunca mais vai voltar, não há necessidade de permanecer aqui. Posso agora nunca mais retornar e deixar todos aqui. Essa é a grande chance de perder todos os meus sentidos em todas essas luzes que refletem todos os sonhos da consciência que explode em contrastes, em preto e branco, em sobras, em folhas, nos meus olhos.

But I can't remember my dreams. No, I don't. No, I don't care.